quinta-feira, 31 de julho de 2025

Django

Título no Brasil: Django
Título Original: Django
Ano de Produção: 1966
País: Itália
Estúdio: B.R.C. Produzione, Tecisa Films
Direção: Sergio Corbucci
Roteiro: José Gutiérrez Maesso, Piero Vivarelli
Elenco: Franco Nero, Loredana Nusciak, Eduardo Fajardo, José Bódalo

Sinopse:
Vagando pelo meio do deserto o pistoleiro Django (Franco Nero) acaba salvando a vida de uma mulher que está sendo chicoteada por bandidos. Juntos vão até uma cidade lamacenta e perdida no meio do nada que é disputada por dois grupos armados, o primeiro formado por revolucionários mexicanos e o segundo por confederados sulistas liderados por um corrupto oficial.

Comentários:
Não restam dúvidas que Django é um dos mais famosos faroestes do chamado Western Spaguetti. Na época de seu lançamento causou grande repercussão não apenas por algumas propostas que eram realmente inovadoras como também pela violência explícita. Por causa desse último fator o filme foi lançado em alguns países europeus com a mais rígida classificação etária, sendo proibido para menores de 18 anos. Um exagero obviamente. Django ainda hoje se mantém como um produto bem realizado. Claro que revisto atualmente muitas das sequências vão soar fantasiosas demais ou exageradas, mas isso fazia parte de um estilo de fazer cinema que já não existe mais. Os faroestes macarrônicos eram assim mesmo. De positivo temos uma boa direção de arte – a cidade onde Django chega, por exemplo, é um lamaçal completo, suja, feia e abandonada. Sua imagem carregando um caixão, completamente enlameado, entrou na cultura pop e virou um ícone daquele estilo. O próprio Franco Nero, bronzeado, de olhos azuis, chegou até mesmo a virar símbolo sexual e sua interpretação se tornou um tipo de modelo a ser seguido em centenas e centenas de outros Spaguettis. Seu Django era um sujeito durão, de poucas palavras e capaz de grandes façanhas com seu revólver. O diretor Sergio Corbucci tinha preferências por enredos desse tipo, bem crus, mas nunca se descuidava dos aspectos técnicos em seus filmes. Os cenários eram bem pensados, as tomadas de cena procuravam tirar o melhor proveito do momento e os roteiros, mesmo simples como eram, sempre procuravam fisgar o espectador com cenas marcantes. Django está repleto desses momentos. 

Logo na primeira cena o diretor procura mostrar todo o seu estilo. O pistoleiro Django surge bem no meio do nada, carregando um pesado caixão. Esse tipo de coisa fica marcada na mente do espectador, não tem jeito. Outra cena muito interessante é aquela em que Django finalmente revela o que traz dentro desse caixão que sempre o acompanha. É um impacto certamente. O enfrentamento contra os soldados sulistas mais lembram produções de ação dos anos 80 do que qualquer outra coisa. De certa forma Django inspiraria aqueles filmes em que um homem conseguia liquidar todo um exército praticamente sozinho. É claro que é inverossímil, é claro que é exagerado, mas também é o tipo de sequência estilizada que o público da época adorava! Franco Nero se consagrou no papel e praticamente nunca mais se livrou dele. Chegou a realizar alguns outros filmes como Django, com o mesmo Corbucci como roteirista, mas sem o mesmo impacto. Depois disso o personagem Django acabaria trilhando o mesmo caminho de outro personagem popular do cinema italiano, Maciste, aparecendo em dezenas e dezenas de outros filmes, muitos deles de baixíssimo orçamento e de qualidade técnica bem pobre. O excesso de exploração comercial acabou queimando o personagem que virou símbolo de cinema mal feito, vendido de qualquer jeito. O que vale a pena mesmo nesse mar de “Djangos” é realmente esse, o primeiro filme, o original, os demais são meras imitações baratas. Se você gostou de “Django Livre” de Tarantino não deixe de reservar um tempinho para assistir (ou redescobrir) o Django original de Franco Nero e Sergio Corbucci. Provavelmente você vai achar no mínimo bem interessante.
 
Pablo Aluísio.

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Uma Pistola para Ringo

Título no Brasil: Uma Pistola para Ringo
Título Original: Una pistola per Ringo
Ano de Lançamento: 1965
País: Itália
Estúdio: PCM
Direção: Duccio Tessari
Roteiro: Duccio Tessari, Alfonso Balcázar
Elenco: Giuliano Gemma, Fernando Sancho, Lorella De Luca, Lorenzo Columbo, Maria Estela

Sinopse:
Um pistoleiro de origem desconhecida, pois ninguém sabe exatamente de onde veio e por que estaria ali naquela região, tem a tarefa de se infiltrar em um rancho invadido por bandidos mexicanos e salvar seus reféns, incluindo a noiva do xerife local.

Comentários:
Esse pode ser considerado o primeiro filme de faroeste espagueti da carreira do Giuliano Gemma. Ele foi, ao lado de Franco Nero, um dos principais nomes desse novo estilo de filme que era produzido em massa na Itália dos anos 60 e que virou uma febre de popularidade em todo o mundo, inclusive no Brasil. Para se ter uma ideia de como esse foi mesmo um dos melhores produzidos naquela época, recentemente o diretor Tarantino (um especialista nesse segmento, vamos colocar dessa forma) elegeu esse "Uma Pistola Para Ringo" como um dos dez melhores filmes de western spaghetti da história! Na juventude ele havia trabalhado em locadoras e conhecia todos esses filmes. Quem somos nós para discordar de sua qualificada opinião, não é mesmo?

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de julho de 2025

Um Dólar para Matar

Título no Brasil: Um Dólar para Matar
Título Original: Bandidos
Ano de Produção: 1967
País: Itália, Espanha
Estúdio: Dino De Laurentiis Cinematografica Studios
Direção: Massimo Dallamano
Roteiro: Luis Laso, Juan Cobos
Elenco: Enrico Maria Salerno, Terry Jenkins, María Martín, Venantino Venantini, Marco Guglielmi, Cris Huerta

Sinopse:
Richard Martin (Enrico Maria Salerno) é um pistoleiro famoso que é traído por um de seus próprios seguidores. Esse o atinge nas mãos, para que ele nunca mais volte a usar uma arma. Anos depois Martin se alia a um novo comparsa e parte então em busca de sua vingança pessoal.

Comentários:
Esse western spaghetti foi produzido pelo famoso produtor italiano Dino De Laurentiis. Hoje em dia, para os mais jovens, seu nome nem é muito conhecido. No máximo o associam com os primeiros filmes do personagem Conan no cinema, aqueles mesmos com o brutamontes Arnold Schwarzenegger como o bárbaro. Só que Dino foi muito além disso. Figura muito importante dentro do cinema europeu ele procurou dar o melhor em termos de produção para seus filmes, que sempre contavam com orçamentos bem masi generosos do que a média em geral. Esse faroeste assim já conta com um bom cartão de visitas. E de fato é bem interessante, embora obviamente não fuja muito dos roteiros que eram típicos na época e que faziam a festa dos fãs desses filmes de bangue-bangue europeu, com muita violência estilizada, fortes trilhas sonoras e é óbvio muitos absurdos em cada cena. O diretor Massimo Dallamano usou um pseudônimo americano, assinando o filme como Max Dillman, o que era bem comum na época. Já o ator Enrico Maria Salerno podia até não ser um grande profissional na arte de interpretar, mas tinha certamente o visual certo para um bandido do velho oeste, com suas roupas surradas, cheias de poeira, barba por fazer e uma cara de mau. Dentro da estética spaghetti já estava de bom tamanho.

Pablo Aluísio.

domingo, 20 de julho de 2025

Clint Eastwood e o Western - Parte 2

Clint Eastwood não planejou sua carreira de ator como astro de filmes de western. As coisas simplesmente foram acontecendo. Em 1958 ele conseguiu um papel em um faroeste B chamado "Emboscada em Cimarron Pass" (Ambush at Cimarron Pass). Essa é uma produção bem difícil de se achar nos dias de hoje. É um filme pouco conhecido, obscuro, que poucos colecionadores possuem. Quase ninguém assistiu. Vale sobretudo por trazer Clint Eastwood ainda bem jovem, já no papel de cowboy, o tipo que iria consagrar sua carreira. Fora isso nada de muito relevante em termos cinematográficos.

Dirigido por Jodie Copelan, com Scott Brady e Margia Dean no elenco, o roteiro baseado em um livro escrito por Robert A. Reeds, contava uma história que se passava em 1867 no velho oeste americano. Clint interpretava um sujeito chamado Keith Williams. Ele era um homem que tentava sobreviver em um território distante, uma reserva Apache em guerra, onde soldados do exército americano, da União, literalmente caçavam ex-soldados confederados que tinham se tornado bandoleiros e assassinos. Anos depois Clint Eastwood não iria ser refinado ao se lembrar desse filme, dizendo que ele era "provavelmente o pior western que já existiu!". Sua opinião não incomodaria os produtores. Depois que Clint se tornou um astro de Hollywood, o estúdio resolveu relançar o filme nos cinemas, já durante a década de 60. Era impossível perder a chance de faturar alto com seu nome, afinal de contas era um faroeste com Clint Eastwood, que mesmo sendo ruim ainda poderia gerar um bom faturamento nas bilheterias.

Depois de atuar em um filme sobre a I Guerra Mundial chamado "Lutando Só Pela Glória", Clint conseguiu uma excelente oportunidade, mas não no cinema e sim na TV.  Ele foi contratado para atuar na série de grande sucesso de audiência "Maverick". O programa estava entre os mais assistidos do país e contava com o astro James Garner como o famoso jogador de cartas que se envolvia em inúmeras aventuras durante a corrida rumo ao oeste. Atores famosos como Roger Moore (que iria se tornar o futuro James Bond no cinema) também atuavam nessa série. A chance de atuar nesse programa de TV tinha sua importância, pois serviria como vitrine de seu trabalho. Clint Eastwood acabou atuando no episódio "Duel at Sundown" onde ele interpretava um vilão. Aqui Clint repetia o mesmo tipo de personagem durão, de poucas palavras, de procedência desconhecida e futuro incerto que iria se tornar imortal. O típico pistoleiro sem nome, que ele iria eternizar em seus futuros filmes.

É curioso que Clint nem estava muito longe de seu primeiro grande filme, "Por um Punhado de Dólares", mas ao mesmo tempo parecia meio desanimado com sua carreira de ator que parecia não decolar como ele planejava. Depois de atuar em mais uma série de TV, dessa vez sob o selo do mestre do suspense Alfred Hitchcock, no programa "Alfred Hitchcock Presents", ele resolveu dar um tempo para repensar sua vida. Durante 3 anos Clint pensou seriamente em abandonar o sonho de viver como ator de cinema. Ele planejou tentar outras carreiras, outras profissões. Começou a se interessar pelo ofício de dirigir ou escrever roteiros. Mal sabia ele que em breve iria conhecer um cineasta italiano que iria mudar sua vida para sempre.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 11 de julho de 2025

James Stewart e o Western - Parte 1

James Stewart foi a prova que o homem comum também poderia se tornar um astro em Hollywood. Ele não tinha a altura e a beleza de um Rock Hudson, nem a coragem de um John Wayne, mesmo assim brilhou nas telas e teve uma filmografia tão ou mais rica do que esses dois mitos da era de ouro do cinema americano. Na verdade Stewart era um sujeito bem simples, comum, interiorano, que teve a rara sorte de trabalhar com alguns dos melhores cineastas de todos os tempos em filmes clássicos que jamais serão esquecidos. Provavelmente o diretor que o tornou imortal foi Frank Capra. Quando Stewart chegou em Hollywood, vindo do interior, sendo filho de um dono de lojas de ferragens, ele não encontrou as portas dos estúdios abertas para ele.

Na verdade Stewart amargou um bom tempo como figurante e depois como coadjuvante em filmes de pouca expressão. Sua sorte mudou quando Capra viu nele justamente aquela que era sua maior marca registrada: o jeito e a imagem do homem comum, do trabalhador operário de bom coração. Eram os tempos da grande depressão, a economia americana estava arruinada, com muito desemprego e pobreza. Para o otimista Capra a única forma de levantar a nação era levantando sua autoestima, sua moral. Por isso ele resolveu filmar uma série de roteiros que traziam mensagens positivas ao povo americano, sempre levando seu ânimo, trazendo uma carga única de esperança. Para interpretar seus protagonistas Capra não poderia ter encontrado ator mais ideal. Assim James Stewart começou a virar um astro com "Do Mundo Nada se Leva", uma verdadeira ode ao pensamento positivo. Depois vieram mais clássicos absolutos como "A Felicidade Não Se Compra" e "A Mulher Faz o Homem". Todos esses filmes são verdadeiras obras primas do cinema.

Em busca da mesma empatia outros mestres do cinema resolveram escalar James Stewart em seus filmes, especialmente o mestre do suspense Alfred Hitchcock. Sempre que surgia o personagem do cidadão comum, honesto e trabalhador, que se via numa situação excepcional, o velho Hitch telefonava ao ator sabendo se ele estava disponível. "Festim Diabólico", "Janela Indiscreta" (talvez a grande obra prima ao lado de Hitchcock), "O Homem que Sabia Demais" e "Um Corpo que Cai" são obras primas que por si só já valeriam a imortalidade de Stewart na sétima arte. Isso porém foi apenas uma parte de sua carreira, quando interpretava tipos urbanos em tramas de suspense que até hoje seguem insuperáveis.

Por fim, como se já não bastasse realizar tantos clássicos ao lado de Capra e Hitchcock, James Stewart também brilhou no mais americano de todos os gêneros cinematográficos: o Western. Ele foi um dos mais regulares atores do estilo, participando de inúmeras produções com destaque para os filmes que rodou ao lado de John Ford e Anthony Mann. Com esse último tinha uma relação de amizade e ódio. De todos os diretores com quem trabalhou foi o que mais gostou de atuar, segundo suas próprias palavras. Certamente ao lado de Mann ele não chegou ao ponto de estrelar filmes tão importantes como "O Homem que Matou o Facínora" (considerado um dos dez melhores faroestes de todos os tempos), mas rodou produções que ficaram na memória como "Winchester 73" e "Um Certo Capitão Lockhart". Foi realmente uma dupla inesquecível. Embora tenha concorrido por cinco vezes ao Oscar só foi premiado uma única vez, por "Núpcias do Escândalo". James Stewart faleceu em 1997 deixando uma filmografia realmente inigualável. Provavelmente tenha sido o ator que mais participou de obras primas do cinema ao longo da história. Nesse quesito ele realmente foi único. Nada mal para alguém que se dizia ser apenas um homem comum, com bons sentimentos.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 10 de julho de 2025

Rio da Prata

Título no Brasil: Rio da Prata
Título Original: Tumbling River
Ano de Produção: 1927
País: Estados Unidos
Estúdio: Republic Pictures
Direção: Lewis Seiler
Roteiro: Jack Jungmeyer 
Elenco: Tom Mix, Dorothy Dwan, William Conklin, Elmo Billings, Wallace MacDonald, Buster Gardner
  
Sinopse:
Tom Gieer (Tom Mix) é um cowboy que decide deixar os rebanhos de gado de lado para viajar até a Califórnia, em busca de ouro. A região na época estava atraindo grandes massas de homens em busca da fortuna. No começo Tom não consegue ter muito sucesso, mas acaba descobrindo prata em uma das margens do rio. Só que essa sua descoberta acaba atraindo a cobiça de bandidos locais. Agora Tom terá que lutar por suas terras.

Comentários:
Antes do surgimento de John Wayne o grande nome do western americano era Tom Mix. Ele foi um grande astro de filmes de faroeste, atraindo multidões para as salas de cinema da época. Seus filmes eram bem simples, com roteiros feitos para as matinês, com personagens bem delimitados, com o mocinho (geralmente interpretado pelo próprio Tom Mix), uma mocinha, representando o amor de sua vida e vilões, em grande número para que Mix fosse matando ao longo da trama. Esse "Tumbling River" ficou bem popular em seu lançamento porque foi um dos primeiros filmes da Republic a serem rodados em locações, no Novo México, onde se aproveitou toda a beleza da região para dar uma fotografia bonita ao filme. Acabou virando uma espécie de pioneiro do gênero western nesse aspecto. Outro fato digno de nota é que a atriz Dorothy Dwan sofreu um acidente durante as filmagens. A balsa onde ela se encontrava afundou bem no meio do rio e ela só não morreu afogada porque foi salva pelo próprio Tom Mix, que pelo visto era herói também na vida real, fora das telas de cinema.

Pablo Aluísio.

domingo, 6 de julho de 2025

O Bandido Mascarado

Título no Brasil: O Bandido Mascarado
Título Original: Dick Turpin
Ano de Lançamento: 1925
País: Estados Unidos
Estúdio: Fox Film Corporation
Direção: John G. Blystone
Roteiro: John G. Blystone, Charles Darnton
Elenco: Tom Mix, Gary Cooper, Alan Hale, Philo McCullough, Lucille Hutton, Bull Montana

Sinopse:
Nesse filme de faroeste o astro Tom Mix interpreta um bandoleiro chamado Dick Turpin. Ele ataca diligências ao longo das trilhas rumo ao oeste. Após os roubos ele divide parte do dinheiro roubado com pobres camponeses. Sua jornada acaba quando a coroa inglesa decide levá-lo à justiça, após assaltar uma diligência com nobres ingleses em viagem. 

Comentários:
Em 1925 Gary Cooper faria seu primeiro western! Isso mesmo, já na sua segunda aparição no cinema ele já abraçava o gênero cinematográfico que iria consagrá-lo no anos seguintes. O filme se chamava "O Bandido Mascarado" e era estrelado pelo maior cowboy do cinema na época, o popular Tom Mix. Mix era um sujeito exagerado e esbanjador que acreditava em seu próprio mito. Tinha um enorme carrão com grandes chifres de touro na frente. Sempre se vestindo de forma espalhafatosa, com enormes chapéus brancos, ele soube muito bem se vender para os estúdios de cinema de Hollywood. Em pouco tempo virou um astro dos mais populares. Se dedicando completamente a filmes de faroeste ele foi uma das primeiras lendas do cinema americano. Atuar ao seu lado foi importante para Cooper porque afinal de contas ele se tornou popular para o grande público. Aparecer em um filme de western com Tom Mix era garantia de ser visto pelo público e pelos produtores, sempre em busca de novos astros para esse tipo de produção. Foi o primeiro grande passo de Cooper rumo ao sucesso.

Pablo Aluísio.

sábado, 5 de julho de 2025

Gary Cooper no Velho Oeste - Parte 1

Gary Cooper no Velho Oeste - Parte 1 
Em sua longa carreira o ator Gary Cooper atuou em 117 filmes. Hoje em dia isso jamais se repetiria. Geralmente atores da atualidade atuam em um ou no máximo dois filmes por ano. Só que na época de Cooper o mundo do cinema era bem diferente. Não era raro fazer dez filmes por ano ou até mais do que isso. Conforme o tempo foi passando, realmente o próprio mercado foi regulando esse avalanche de filmes. Os estúdios perceberam que lançar muitos filmes poderia desgastar ou saturar a imagem de seus principais astros. Por isso aos poucos a estratégia foi mudando. De dez filmes / ano, grandes atores como Cooper faziam no máximo quatro ou três anualmente. Ao invés de aparecer em dez filmes B, era melhor fazer apenas dois em produções classe A.

Voltando no tempo vemos que Gary Cooper viveu dois períodos bem distintos em sua carreira, um no cinema mudo, outro no falado. Ele conseguiu romper essa barreira porque tinha uma excelente voz e uma dicção perfeita. Sabe-se que muitos astros e estrelas do cinema mudo não conseguiram sobreviver essa fase de transição na história do cinema. O próprio Charles Chaplin foi um grande opositor da chegada do cinema falado, porque para ele isso tirava a essência da sétima arte. Cooper jamais pensou assim. Ele apenas embarcou nas mudanças e conseguiu ser tão ou mais popular do que antes. O cinema falado não lhe trouxe nenhum problema em sua carreira.

A estreia de Cooper no cinema se deu em 1923 em um filme chamado "The Last Hour". Estrelado por Milton Sills e Carmel Myers, com direção de Edward Sloman, esse era um drama mudo, com toques de filme policial. Nada muito relevante. Cooper foi apenas um extra, um sujeito grandalhão, com cara de mau, cujo personagem sequer tinha nome. Todo mundo precisa começar de algum ponto, não é mesmo? Em 1925 Gary Cooper faria seu primeiro western! Isso mesmo, já na sua segunda aparição no cinema ele já abraçava o gênero cinematográfico que iria consagrá-lo no anos seguintes. O filme se chamava "O Bandido Mascarado" e era estrelado pelo maior cowboy do cinema na época, o popular Tom Mix.

Mix era um sujeito exagerado e esbanjador que acreditava em seu próprio mito. Tinha um enorme carrão com grandes chifres de touro na frente. Sempre se vestindo de forma espalhafatosa, com enormes chapéus brancos, ele soube muito bem se vender para os estúdios de cinema de Hollywood. Em pouco tempo virou um astro dos mais populares. Se dedicando completamente a filmes de faroeste ele foi uma das primeiras lendas do cinema americano. Atuar ao seu lado foi importante para Cooper porque afinal de contas ele se tornou popular para o grande público. Aparecer em um filme de western com Tom Mix era garantia de ser visto pelo público e pelos produtores, sempre em busca de novos astros para esse tipo de produção. Foi o primeiro grande passo de Cooper rumo ao sucesso.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 2 de julho de 2025

O Primeiro Rebelde

Título no Brasil: O Primeiro Rebelde
Título Original: Allegheny Uprising
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: William A. Seiter
Roteiro: P.J. Wolfson
Elenco: Claire Trevor, John Wayne, George Sanders, Brian Donlevy, Robert Barrat, Moroni Olsen

Sinopse:
A história do filme se passa antes da independência dos Estados Unidos. Em 1759, no Vale Allegheny, na Pensilvânia, colonos locais e combatentes indígenas tentam persuadir as autoridades britânicas a proibirem por meio da lei o comércio clandestino de álcool e armas com índios saqueadores da região.

Comentários:
Faroeste B rodado na RKO. John Wayne, ídolo das matinês dos filmes de western, estava prestes a fazer o primeiro grande filme de sua carreira chamado "No Tempo das Diligências". Importante explicar que esse western aqui foi filmado antes do grande clássico, mas só chegou nos cinemas depois, aproveitando todo o sucesso de público e crítica da obra-prima assinada por John Ford. De qualquer forma é bom explicar que não há nada de excepcional a se conferir nesse "O Primeiro Rebelde" a não ser algumas boas cenas de ação. No geral é mais uma produção em série das muitas que John Wayne filmou nessa fase de sua carreira. A fase dos grandes faroestes, clássicos imortais do cinema, só viria um pouco mais tarde em sua carreira.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 1 de julho de 2025

Os Filmes de Faroeste de John Wayne - Parte 5

O filme "A Grande Jornada" colocou John Wayne em primeiro plano em Hollywood. Esse filme porém não significou um pulo imediato rumo ao estrelato. Wayne ainda precisaria ralar mais um pouco para se tornar um verdadeiro astro do cinema americano. Assim seus filmes seguintes foram dramas e não faroestes. Em "Girls Demand Excitement" (sem título no Brasil, jamais lançado em nosso país), o ator voltou a interpretar um estudante, um jovem atleta da classe trabalhadora que enfrentava vários desafios em sua vida.

A diva Loretta Young seria a estrela do próximo filme de Wayne intitulado "Três Garotas Perdidas" (Three Lost Girls, 1931). Aqui John Wayne voltava aos personagens coadjuvantes nesse drama urbano sobre uma jovem mulher que se tornava vítima de um crime. Ela vinha do interior e alugava um pequeno apartamento para morar com outras duas jovens. Todas as suspeitas de autoria do crime apontavam para um arquiteto famoso que havia se envolvido com uma delas. John Wayne interpretava justamente o tal sujeito. Um filme que não teve muita repercussão, mas que serviu como aprendizado para o ator.

As coisas só melhoraram mesmo para Wayne no filme seguinte com "Estância de Guerra" (The Range Feud, 1931). Aqui ele retornava para os filmes de western nessa produção estrelada por Buck Jones, um ator que na época disputava o título de ator cowboy mais popular do cinema com Tom Mix, a quem Wayne procurava seguir os passos. O filme obviamente tinha um roteiro muito simples, com bandidos e mocinhos bem delimitados, o que era próprio para um faroeste de matinê. Depois dessa produção o ator chegou na conclusão que se continuasse a aparecer em papéis secundários jamais conseguiria atingir seus objetivos.

Por essa razão ele recusou várias propostas de trabalho que pareciam não colaborar muito para o avanço de sua carreira. O ator parecia firme no sentido de só aceitar novos filmes em que ele próprio fosse o protagonista. "Águia de Prata" (The Shadow of the Eagle, 1932) era o tipo de filme que ele procurava na época. Dirigido por Ford Beebe e produzido pelo estúdio Mascot Pictures, nessa película Wayne interpretava Craig McCoy, um piloto pioneiro, veterano da I Guerra Mundial, que decidia montar sua pequena companhia aérea. Aviador inteligente ele acabaria sendo o primeiro piloto da história a colocar um rádio de comunicação em sua aeronave. Um filme muito bom, com roteiro bem escrito e ótimas cenas de aviação. Justamente o que John Wayne estava buscando em sua carreira.

Pablo Aluísio.