quarta-feira, 28 de maio de 2025

Audie Murphy e o Western - Parte 1

Audie Murphy e o Western - Parte 1
Audie Murphy foi um dos grandes ídolos dos filmes de western durante as décadas de 1940, 1950 e 1960. Ele não fazia o tipo forte e alto dos grandes cowboys do cinema, era até baixinho para os padrões, como pouco mais de 1.70m de altura, porém nada disso o impediu de ser uma das figuras mais populares do gênero naqueles anos. Os filmes de Murphy eram extremamente lucrativos pois a maioria deles não passavam de produções B exibidas em matinês. Os roteiros eram simples e raramente os elencos traziam alguma estrela além dele. Como se explicaria então o segredo do sucesso de um sujeito que parecia ter tudo contra ele? Não era alto, nem forte e nem muito menos particularmente bonitão como um Randolph Scott.

O segredo de Murphy vinha de sua vida pessoal, de sua história antes de virar astro de filmes de faroeste. Nascido em uma família de classe média baixa do Texas, nada parecia muito promissor em sua vida. Ele não se destacou nos estudos e nem nos esportes, porém quando os Estados Unidos entraram na II Guerra Mundial, Murphy viu uma oportunidade, não de ser um herói, mas sim de ter um trabalho e quem sabe uma carreira militar promissora. Assim Murphy entrou para o exército, servindo durante dois anos nos campos de batalha da Europa. Ele lutou com sua companhia nos fronts da França e Bélgica e lá acabou fazendo sua fama. Acontece que Murphy acabou sendo o soldado mais condecorado do Exército americano, uma honraria que lhe abriu muitas portas quando retornou do maior conflito armado da história.

Ora, o que era mais adequado para um estúdio de cinema do que ter um herói de verdade estrelando seus filmes? Foi justamente isso que pensaram os principais estúdios de cinema de Hollywood. Como nunca havia atuado numa tela antes os produtores foram pacientes. Era preciso que Audie pegasse certa experiência antes de estrelar seus próprios filmes. Sua primeira aparição se deu curiosamente em um filme romântico chamado "Viver Sonhando" de 1948. Estrelado por Guy Madison não havia muito o que o próprio Audie Murphy pudesse fazer em cena. Seu personagem, completamente secundário, não chamou a atenção de ninguém, mas serviu para que os produtores fizessem um teste com ele. Afinal nem sempre a câmera aceitava muito bem novatos. Com sorte Murphy acabou sendo aprovado no teste.

Assim seu primeiro filme de verdade só viria depois, "Código de Honra", um autêntico filme de guerra, um cenário onde ele parecia completamente à vontade. Alan Ladd era o astro do filme e Murphy interpretava um jovem cadete chamado Thomas. Com muitas personagens não havia mesmo como se destacar no meio de tantos militares, mas o estúdio soube muito bem aproveitar sua presença, chamando a atenção da imprensa para o fato de que Audie havia sido o mais condecorado soldado da guerra. Isso lhe trouxe grande publicidade pessoal, a ponto de se destacar nas matérias dos jornais que cobriam o lançamento do filme. Dizem até que o ator Alan Ladd ficou enciumado da extrema atenção criada por Murphy, afinal ele era a grande estrela da produção e não Murphy.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 27 de maio de 2025

Duelo Sangrento

Título no Brasil: Duelo Sangrento
Título Original: The Kid from Texas
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Kurt Neumann
Roteiro: Robert Hardy Andrews
Elenco: Audie Murphy, Gale Storm, Albert Dekker, Shepperd Strudwick, William Talman, Martin Garralaga

Sinopse:
O jovem William Bonney (Audie Murphy) chega em uma nova cidade do condado de Lincoln em busca de trabalho. Ele acaba conhecendo um rancheiro que lhe oferece apoio e amizade, lhe arranjando emprego e moradia. Pouco tempo depois seu patrão é covardemente assassinado. Assim Bonney, agora conhecido como "Billy The Kid", resolve vingar sua morte.

Comentários:

A década de 1950 começou e finalmente Audie Murphy encontrou seu caminho em Hollywood. O filme se chamava "Duelo Sangrento" e era a produção ideal que Murphy tanto esperava. Nesse western que tinha o título original de "The Kid from Texas", Murphy interpretava nada mais, nada menos do que um dos personagens históricos mais famosos da mitologia do velho oeste, o pistoleiro William Bonney, mais conhecido como 'Billy the Kid'. É curioso que quando a Universal contratou o diretor Kurt Neumann para dirigir o faroeste esse indicou ao estúdio o próprio Audie Murphy com quem havia trabalhado no filme anterior. Não haveria ninguém melhor para atuar como Kid. A crítica de um modo geral gostou do filme. Para muitos seria um "bom pequeno filme". Outra atração é que ele foi lançado em cores, considerado ainda na época como um sinal de capricho, de que a produção era realmente boa e que o estúdio confiava no sucesso. Historicamente o filme não era muito preciso. Billy The Kid não nasceu no Texas, como fazia supor o roteiro, ele havia nascido em Nova Iorque. Porém de uma maneira em geral aspectos históricos reais da vida de Kid foram mantidos, como seu envolvimento na guerra do condado de Lincoln.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de maio de 2025

Embrutecido Pela Violência

Filme bem marcante da carreira do ator Kirk Douglas. No enredo ele interpreta Len Merrick (Kirk Douglas), um orgulhoso Marshal federal (uma espécie de xerife com jurisdição em todo o país), que evita um enforcamento numa cidade do velho oeste. O acusado, Timothy 'Pop' Keith (Walter Brennan), está para ser enforcado por supostamente ter roubado gado e assassinado o filho de um rico e influente rancheiro da região. Para Len sua execução é completamente ilegal e por essa razão ele se compromete a levar Keith até um tribunal do júri na cidade de Santa Loma onde finalmente será devidamente julgado, perante um juiz de direito e um corpo de jurados, tudo como manda a lei. A jornada até lá porém não será tranquila e nem pacífica pois a família Roden está disposta a vingar a morte de um de seus membros. 

Esse western dirigido pelo mestre Raoul Walsh tem um argumento muito mais sofisticado do que pode parecer à primeira vista. A história não foge muito do que vemos na tela, com um obcecado homem da lei tentando seguir os trâmites legais a todo custo, mesmo sendo ameaçado e perseguido por um bando de justiceiros pelo deserto afora. A questão é que uma vez em Santa Loma - para onde está levando um acusado - ele descobre que nem sempre a justiça é devidamente feita pelos tribunais. Há uma série de influências econômicas, sociais e extra jurídicas que determinam se alguém é considerado culpado ou não.

Durante a jornada até lá ele vai colhendo impressões e verdades sobre o homem que tem sob custódia e descobre que seu próprio julgamento pessoal, criado na convivência com o suposto criminoso, tem mais validade do que um apressado e mal feito julgamento na calada da noite. Só esse aspecto já tornaria o filme bem acima da média dos demais faroestes da época, mas há outras qualidades dignas de nota. Walsh rodou um filme enxuto, diria até econômico, porém muito bonito, em bela fotografia em preto e branco. Rodado no deserto da Califórnia, em belas locações com penhascos e rochas enormes, o filme se valoriza enormemente por causa desse cenário natural rico em bonitas paisagens. O elenco também é outro ponto forte.

Kirk Douglas está de certo modo em seu tipo habitual, a do xerife durão, até insensível que carrega velhos traumas do passado, em especial uma certa culpa pelo que aconteceu ao seu pai anos atrás (ele também era um homem da lei íntegro que acabou sendo linchado por tentar cumprir o que dizia a letra fria do devido processo legal). Agora, firme em suas convicções, ele precisa levar o acusado perante um juiz para que seja devidamente julgado. A questão é que a filha do homem preso, interpretada pela linda atriz Virginia Mayo, também quer justiça, mas ao seu modo. Douglas e Mayo inclusive soltam faíscas de atração no meio do deserto. Uma dupla que deu muito certo e que trouxe muita paixão reprimida para a tela. Com cabelos curtinhos e jeito até bem rude, Mayo acaba roubando todas as atenções por causa de sua personalidade ao mesmo tempo geniosa e sensual. Então é isso. "Embrutecidos Pela Violência" é muito mais do que aparenta ser. Um bom argumento, bem sólido e coerente, apoiado por um enredo que não nega os mais tradicionais cânones do western americano.

Embrutecido Pela Violência (Along the Great Divide, Estados Unidos, 1951) Estúdio: Warner Bros / Direção: Raoul Walsh / Roteiro: Walter Doniger, Lewis Meltzer / Elenco: Kirk Douglas, Virginia Mayo, John Agar, Walter Brennan / Sinopse: Veterano xerife tenta manter a lei em uma região violenta e hostil do velho oeste dos Estados Unidos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 13 de maio de 2025

Maldade

Título no Brasil: Maldade
Título Original: The Thundering Herd
Ano de Produção: 1933
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Zane Grey, Jack Cunningham
Elenco: Randolph Scott, Judith Allen, Buster Crabbe, Noah Beery, Raymond Hatton, Blanche Friderici

Sinopse:
Dois caçadores rivais se reencontram em um lugar selvagem e hostil, com índios determinados a exterminarem todos os caçadores brancos de búfalos que se encontram em seus territórios. E a rivalidade não se limita ao comércio de pele, mas também aos assuntos do coração, pois ambos são apaixonados pela mesma mulher.

Comentários:
Randolph Scott voltou a trabalhar com o diretor Henry Hathaway no western "Maldade" (The Thundering Herd, Estados Unidos, 1933). O roteiro era novamente escrito por Zane Grey, que era tão popular entre os fãs de filmes de faroeste que seu nome conseguia até mesmo um grande destaque nos posters dos filmes que chegavam nos cinemas. O enredo não poderia ser mais referente às mitologias do velho oeste norte-americano. Scott interpretava um caçador de búfalos chamado Tom Doan. Ele, ao lado de seus homens, caçavam búfalos para lucrar com a venda de suas peles, que na época valiam pequenas fortunas. O trabalho porém era uma verdadeira luta de sobrevivência em terras hostis. Além dos ladrões de peles, sempre dispostos a matar os caçadores, havia ainda a presença perigosa de guerreiros das tribos locais. No elenco o filme ainda trazia a bela Judith Allen e Buster Crabbe, veterano em filmes de faroeste da época.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 6 de maio de 2025

Na Pista do Traidor

Título no Brasil: Na Pista do Traidor
Título Original: Riders of Destiny
Ano de Produção: 1933
País: Estados Unidos
Estúdio: Republic Pictures
Direção: Robert N. Bradbury
Roteiro: Robert N. Bradbury
Elenco: John Wayne, Cecilia Parker, Forrest Taylor, George 'Gabby' Hayes, Yakima Canutt, Al St. John
  
Sinopse:
James Kincaid (Forrest Taylor) é um bandoleiro fora-da-lei que começa a dominar as fontes de água em uma região com muitos desertos no velho oeste americano. Ele planeja ter o controle de todas elas para extorquir os fazendeiros e criadores de gado. O governo americano então envia um agente disfarçado, Singin' Sandy Saunders (John Wayne), para garantir o acesso à água de todos os cidadãos e moradores do lugar, o que obviamente dá origem a um confronto entre ele o bandido, tudo culminando em um duelo mortal pelas areias escaldantes do deserto.

Comentários:
Mais um filme pioneiro de John Wayne nos estúdios da Republic. Durante muitas décadas pensou-se que essas primeiras fitas com o astro John Wayne tinham se perdido para sempre, pois os acervos de velhos estúdios, há muito fechados, como a Republic, tinham desaparecido. Para alguns tudo teria sido destruído em um grande incêndio nos anos 50. Assim se pensou até que nos anos 70 um antigo colecionador, fã de John Wayne, resolveu doar suas cópias (as únicas ainda existentes) para uma instituição de preservação de filmes antigos da Califórnia. Esse "Riders of Destiny" fazia parte dessa coleção. Nos anos 90 a maioria desses curtas e média-metragens - que tinham no máximo 60 minutos de duração - foram lançados em boxes nos Estados Unidos e Europa no formato de DVD. Uma excelente notícia pois dessa forma essas obras cinematográficas se tornam mais preservadas para a posteridade. De modo em geral o filme segue uma linha industrial que era bem comum na época. Os roteiros são bem simplificados, explorando o eterno duelo entre o bem e o mal. John Wayne, ainda bem jovem, já se destacava, com seus maneirismos típicos. A lenda ainda não estava completamente formada, mas já demonstrava sinais do que um dia iria se tornar.

Pablo Aluísio