terça-feira, 30 de setembro de 2025

Clint Eastwood e o Western - Parte 4

Clint Eastwood e o Western - Parte 4
Depois do grande sucesso de seus filmes de faroeste rodados na Itália, Clint Eastwood voltou para a Califórnia. Ele tinha alguns planos, o mais ambicioso deles era criar sua própria companhia de filmes. Conversando com um amigo mexicano ele foi aconselhado a não fazer isso. O sujeito lhe disse que ele iria à falência em pouco tempo e que iria ficar mal, cheio de dívidas. Em sua língua espanhola ele falou para Clint que aquele era um mal paso (um mal passo) que ele iria dar em sua vida. 

Clint aproveitou a situação para dar o nome para sua empresa. Como forma de piada a chamou de Malpaso Productions, usando da mesma expressão que seu "amigo" havia dito em sua conversa. Clint então alugou um pequeno escritório e contratou uma secretária que no final das contas iria trabalhar com ele por décadas e décadas. Era o ano de 1967 e Clint tinha grandes ambições pela frente. 

A ideia de Clint era relativamente simples. Usando de sua fama conquistada no cinema europeu, ele iria aos grandes estúdios de Hollywood pedir um financiamento para a produção de seus próprios filmes. Iria dirigir, escrever os roteiros e produzir seus filmes. Depois com o filme pronto ele iria dar para o estúdio distribuir nos cinemas. Depois de alcançar o custo da produção, recuperando o investimento, o estúdio iria lhe repassar o lucro do filme, dividido meio a meio. 

Naquele tempo isso parecia ser ousado demais, entretanto o tempo iria demonstrar que era uma excelente forma para Clint fazer os filmes que queria, o tornando além disso um homem muito rico, dono dos direitos autorais de seus próprios filmes, uma maneira de fazer cinema que iria acompanhar toda a sua trajetória em Hollywood. Ele obviamente ainda iria fazer muitos filmes de faroeste, mas não queria se resumir a esse gênero. Queria fazer todos os tipos de filmes. E acabou assim se tornando uma verdadeira lenda na indústria cinematográfica. 

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Gary Cooper no Velho Oeste - Parte 2

Gary Cooper no Velho Oeste - Parte 2
Demorou um tempo para que Gary Cooper finalmente se tornasse um astro de cinema, com seu nome estampado em cartazes dos filmes e tudo o mais que estrelas tinham direito. Apenas alguns meses depois ele finalmente foi alçado a essa posição pela Paramount Pictures. O filme se chamava "Bandoleiro Romântico" (Arizona Bound). Era um faroeste de matinê, mas com toques de romantismo, como bem deixava claro o título da produção no Brasil. Cooper interpretava um cowboy chamado Dave Saulter. Ele vagava pelo velho oeste até chegar em uma pequena cidadezinha (velha fórmula dos filmes de western americano). 

Para seu azar chegava na cidade no mesmo dia em que estava sendo roubado do banco local um carregamento de ouro em uma diligência. Claro que tanto ouro assim chamaria a atenção de ladrões e bandoleiros. Cooper assim assumia a figura do mocinho bem intencionado, que salvava inclusive a sua nova amada, interpretada pela bela Betty Jewel, até que conseguisse recuperar o ouro roubado, prendendo todos os bandidos. Filme de praxe, bem de acordo com o que era produzido naqueles tempos. Acabou fazendo sucesso de bilheteria, firmando Cooper como nome comercialmente viável para os estúdios. Nascia mais um cowboy heroico das telas.

Em Hollywood, era normal a assinatura de um contrato com os estúdios com prazo de validade de 7 anos. Esse contrato poderia ter cláusula de exclusividade ou não, dependendo da habilidade do agente de cada ator. Ele assinou um contrato desse tipo com a Paramount e outros ao longo dos anos pois seus filmes renderiam ótimos bilheterias, se transformando em um astro de cinema da velha Hollywood.  Com o dinheiro, comprou uma bela mansão em Beverly Hills, um bairro que se tornaria exclusivo de pessoas que trabalhavam no mundo do cinema. Ele mandou aumentar a piscina para o padrão olímpico, pois adorava nadar. Também construiu um estábulo nos fundos da casa, pois investiu em sua própria criação de cavalos. Não confiava muito nos cavalos de estúdio e tinha medo de sofrer algum acidente mais sério nas cenas de ação, assim começou a ter sua própria criação de cavalos puro-sangue, todos importados da Arábia Saudita. Nessa casa ele viveria até o fim de seus dias. 

Os atores trabalhavam muito. Mal saíam das filmagens de um filme e já estavam em outro. Tudo feito de forma industrializada, a toque de caixa. Logo após "Bandoleiro Romântico" Cooper atuou em um drama chamado "Filhos do Divórcio". Ele não era o ator principal do filme (coube essa honra à atriz Clara Bow), mas tinha importância dentro da trama pois interpretava Edward D. 'Ted' Larrabee, um homem cujo coração estava dividido entre duas mulheres, uma delas o amor de sua adolescência. Seu personagem também tinha nuances psicológicas interessantes para um filme dessa época, pois no fundo não queria se casar por causa dos problemas que vivenciou como filho no casamento fracassado de seus próprios pais.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 16 de setembro de 2025

Audie Murphy e o Western - Parte 2

Audie Murphy foi um campeão de bilheteria das matinês. Ele estrelou uma longa série de filmes de faroeste que fizeram bastante sucesso. Nas telas ele geralmente interpretava o bom mocinho, muitas vezes até ingênuo e dono das melhores boas intenções. Uma imagem bem diferente do Audie da vida real. A inocência fora perdida em um dos conflitos mais sangrentos da história: a II Guerra Mundial. Audie era veterano de guerra e trazia muitas marcas psicológicas dentro de si por causa do que tinha vivenciado nos campos de batalhas da Europa.

Ele foi considerado um herói pelo exército americano por causa de um ato de bravura demonstrando durante uma batalha contra o exército alemão. Sua companhia foi cercada no meio de uma região de florestas. Seus companheiros de farda quase foram aniquilados completamente. Quem os salvou foi Audie, que usando uma metralhadora ponto 50 conseguiu matar inúmeros soldados nazistas. Isso lhe valeu inúmeras medalhas, mas nem elas compensavam os traumas que Audie Murphy levou para a vida civil depois que a guerra acabou.

Ele falou sobre isso timidamente durante uma entrevista nos anos 60. Ao jornalista que o entrevistava Audie explicou: "Eu poderia continuar no exército por longos anos se quisesse, mas depois da guerra e das coisas que vi pensei comigo mesmo que era o bastante para uma vida inteira. Eu presenciei coisas horríveis no campo de batalha e não tenho vergonha de dizer isso. Muitos dos meus amigos na companhia foram mortos e eles eram apenas garotos de 18 anos, mal saídos das cidadezinhas do interior onde nasceram. Eles nunca tiveram a chance de ter uma vida longa, de se casarem, terem filhos, etc. Ao invés disso morreram em algum buraco ou cratera de bomba na Europa ou no Pacífico. Essa sempre foi para mim a maior tragédia da guerra!".

Esses traumas não deixaram Audie nem mesmo após ele se tornar um ator de relativo sucesso. Muitos que trabalharam ao seu lado dizem que Murphy mantinha uma personalidade tendente a melancolia ou depressão. Quando não estava atuando procurava ficar sozinho, perdido em seus próprios pensamentos. Hollywood para ele era apenas uma forma de trabalho, além disso como costumava dizer: "Gosto dos filmes porque as balas são de mentirinha. Ninguém morre e no final do dia todos estão de volta seguros em suas casas. Exatamente o contrário do que vivi na II Guerra Mundial. Ali no campo de batalha não havia margem para o erro. Errar era fatal!".

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de setembro de 2025

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 4

O diretor Henry Hathaway voltou a pedir ao estúdio que contratasse Randolph Scott para mais um faroeste. Ele havia assinado para trabalhar na direção da adaptação para as telas de cinema do romance de Zane Grey. Em sua visão apenas Scott tinha os atributos para interpretar o personagem principal, um cowboy chamado Chane Weymer. O filme iria se chamar "Wild Horse Mesa" (no Brasil recebeu o título de "Audácia Entre Adversários").

O roteiro desse western era bem interessante, mostrando os conflitos e lutas de um rancheiro que desejava tocar sua vida em uma região inóspita, bem no meio do deserto do Arizona. As filmagens foram feitas em locações desérticas, algo que exigiu muito do elenco e da equipe técnica. Scott ficou bem amigo da estrela do filme, Sally Blane. Essa aproximação (que não passava de simples amizade) acabou caindo nas revistas de fofocas, onde se dizia que os dois atores estavam tendo um caso no set de filmagens. "Pura mentira, mas que ajudava a promover o filme" - relembraria anos depois o próprio ator.

"Wild Horse Mesa" foi sucesso de bilheteria. Ainda hoje é cultuado pelos fãs do gênero western. Um bom filme certamente, embora não fugisse muita da mitologia auto centrada que os estúdios de cinema tinham criado para os filmes de faroeste. Havia o mocinho, a mocinha que seria conquistada, os vilões malvados e, é claro, a exuberância dos cenários naturais. A diferença é que o filme foi dirigido pelo grande e talentoso cineasta Henry Hathaway que iria se notabilizar em Hollywood pela diversidade de filmes que dirigiu. Embora tenha feito também grandes filmes de western, inclusive ao lado de John Wayne, esse cineasta procurava ser o mais eclético possível, passeando por todos os tipos de filmes, sem ficar preso a nenhum gênero.

Algo que Randolph Scott tentou no começo da carreira, embora no íntimo ele soubesse que seu futuro vinha mesmo dos filmes de faroeste. Seu próximo filme demontra bem isso, um dos poucos filmes de terror e suspense da filmografia de Randolph Scott. "Vingança Diabólica" foi dirigido por A. Edward Sutherland, um cineasta inglês que tentava melhorar a qualidade dos filmes de terror nos Estados Unidos. Os ingleses eram considerados mestres no suspense cinematográfico naquela época. "Não deu certo!" - confidenciaria anos depois o ator. "Eu não fui bem nesse filme. Estava deslocado, sem saber muito bem o que fazer! Essa coisa de terror não era a minha área." Ao contrário do faroeste anterior essa fita com ares de cinema noir foi um fracasso de bilheteria, fazendo com que Randolph Scott começasse a se concentrar nos cavalos, nas esporas, nas estrelas de xerife e nos duelos ao pôr do sol. Os filmes de western eram mesmo o seu porto seguro em termos de público e crítica.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Os Filmes de Faroeste de John Wayne - Parte 8

O último filme de John Wayne em 1932 foi "Ouro Mal-assombrado" (Haunted Gold), faroeste dirigido por Mack V. Wright.  O mais curioso dessa produção é que o roteiro tinha também elementos de filmes de horror! Foi um dos primeiros filmes de Hollywood que procuravam mesmo reunir dois gêneros cinematográficos em um só! Já que o terror e o faroeste eram bem populares porque não tentar fazer uma produção que tivesse o melhor dos dois lados? E assim foi feito. Aqui John Wayne interpreta John Mason, Ao lado de Janet Carter (Sheila Terry) ele recebe uma carta convidando para ir até uma cidade fantasma onde supostamente existiria uma mina abandonada, com um tesouro escondido em seu interior. Claro que isso também desperta a ganância de bandidos que correm para colocar as mãos na fortuna. O mais curioso desse roteiro é que havia também um personagem fantasma que acabava ajudando Wayne e sua companheira em sua aventura mina adentro. Foi a primeira e única vez que Wayne flertou com o terror em toda a sua longa filmografia. Ficou muito interessante, é inegável dizer.

Em 1933 John Wayne foi novamente contratado pelo estúdio Warner Bros para estrelar o filme "Na Trilha do Telégrafo" (The Telegraph Trail). Era mais um faroeste, só que no estilo mais tradicional. Nada de muito diferente das outras fitas de matinê da época. No enredo John Wayne interpretava um empregado da companhia de telégrafos que era enviado para o velho oeste para descobrir o que estaria por trás de uma série de atos criminosos que colocavam abaixo os postes e os fios do telégrafo. Acabava descobrindo que um rancheiro inescrupuloso estava manipulando nativos indígenas para destruir as instalações, dizendo que aquilo seria usado pelo homem branco para ajudar na destruição das tribos. Uma fita bem escrita, contando novamente com a presença do cavalo amestrado Duke, que fazia a alegria da garotada nos cinemas.

Poucos sabem, mas John Wayne também participou de uma versão americana de "Os Três Mosqueteiros". Só que ao invés de espadachins e membros da guarda real da dinastia francesa dos Bourbons, o que se via na tela eram soldados americanos em aventuras no Oriente Médio. O filme se passava numa exótica Arábia, com heroísmo por parte dos militares da famosa Legião Estrangeira. John Wayne interpretava um personagem chamado Tom Wayne (bem sugestivo não é mesmo?), que se via às voltas com um vilão conhecido como El Shaitan, um facínora que espalhava terror nas pequenas comunidades ao longo das areias do deserto. O curioso é que a produção do estúdio Mascot Pictures (que faliu há anos) era simples e econômica. Assim os arredores de Los Angeles serviram de locação, até porque segundo o diretor Colbert Clark o deserto da Califórnia poderia ser tão quente e inóspito como o próprio Saara (e ele tinha razão nesse ponto!)

Por essa época John Wayne estava disposto a atuar em todo e qualquer filme que tivesse algum atrativo para o público mais jovem. Depois de aventuras nas areias do deserto ele virou um heroico piloto de aviação em "Atração dos Ares". Esse tipo de filme tinha um apelo comercial forte na época, até porque "Asas", que era bem semelhante, foi o principal vencedor da primeira premiação do Oscar! No enredo dois aviadores irmãos disputavam não apenas o prêmio de melhor piloto do mundo como também o coração de uma paraquedista chamada Jill Collins. Essa aliás foi uma das primeiras personagens femininas com ares de independência. Interpretada pela atriz Sally Eilers a Jill tinha personalidade forte e não se curvava aos meros caprichos dos homens. 

Em 1933 John Wayne atuou no faroeste "Na Terra de Ninguém" (Somewhere in Sonora. EUA, 1933). Filme dirigido por Mack V. Wright na Warner Bros. Mais uma vez o bom e velho John Wayne adotou um figurino à la Tom Mix, com aquele enorme chapéu branco de cowboy. Ele interpretou um personagem chamado John Bishop. Preso de forma injusta ele acaba sendo ajudado por um homem do campo chamado Bob. Em troca e como forma de gratidão resolve ajudar o rancheiro a procurar seu filho, há muitos anos desaparecido. Uma péssima ideia já que o rapaz estaria envolvido com problemas legais, inclusive estando na mira de uma quadrilha sanguinária de bandoleiros.

Depois de mais um western o ator decidiu mudar um pouco os ares. A procura por algo diferente veio com o filme "Viver na Morte" (The Life of Jimmy Dolan, EUA, 1933). De forma sintética poderíamos dizer que se tratava de um drama esportivo, com espaço também para um pouco de suspense. John Wayne interpretava um boxeador (não era a primeira vez que tinha um papel como esse). Seu personagem era bom de punhos e se chamava Jimmy Dolan. Durante uma festa ele acaba matando um homem de forma acidental. Para não ser preso decide fugir para o interior. Ao chegar numa pequena cidade termina adotando o nome de Jack Dougherty. Nos arredores da cidadezinha arranja trabalho numa fazenda de ajuda a pessoas inválidas, doentes, deficientes físicos, etc. O lugar administrado pela bela Peggy e pela honesta Sra. Moore, acaba mudando a forma como Jimmy via o mundo. Seu olhar cínico acaba cedendo ao descobrir que havia pessoas boas, tentando fazer o melhor possível para ajudar outras pessoas, carentes e precisando de ajuda especial. Uma mudança e tanto de vida. Esse é seguramente um dos melhores momentos de John Wayne no cinema na década de 1930, infelizmente sendo pouco lembrado nos dias de hoje.

Nos anos 30 os atores faziam um filme atrás do outro. Mal dava tempo para mudar os figurinos, como se brincava na época nos bastidores. Mal John Wayne havia feito o drama com toques sociais "Viver na Morte" ele voltava à ativa para atuar em "Serpente de Luxo" (Baby Face, EUA, 1933). A verdadeira estrela do filme era a loira platinada Barbara Stanwyck, ainda em começo de carreira. John Wayne por seu lado deixava os trajes surrados de cowboy de lado para aparecer de traje à rigor, superfino e na moda. Nem parecia o velho rancheiro de tantos filmes. O roteiro explorava a vida de uma mulher que em determinado momento de sua vida decidia se vingar de todos os homens que a tinham prejudicado no passado, dando a volta por cima. É o que certa vez o diretor Alfred E. Green chamou de "Suspense champagne", uma trama envolvendo crimes na alta sociedade.

Pablo Aluísio.

domingo, 31 de agosto de 2025

Clint Eastwood e o Western - Parte 3

Clint Eastwood e o Western
Existem filmes que mudam não apenas a carreira de um ator, mas o próprio cinema. No caso do ator Clint Eastwood, foi justamente isso o que aconteceu. Sua carreira de ator vinha em um momento ruim, não estava sendo muito bem sucedida. Ele havia feito alguns filmes menores e havia participado também de duas séries de faroeste na televisão. Estou me referindo a "Maverick" e a "Rawhide". Depois disso, nada de muito interessante aconteceu, até que surgiu um convite que mudaria tudo. Ele foi convidado para atuar em um filme europeu chamado "Por um Punhado de Dólares". Este faroeste seria dirigido pelo excelente diretor Sergio Leone. Era o ano de 1964 e o mundo vivia revoluções culturais, como a Beatlemania e a Nouvelle Vague. Clint então embarcou rumo a Itália para novos desafios em sua carreira de ator.

A verdade é que o cinema italiano havia se transformado em uma verdadeira indústria cultural. Diretores italianos descobriram que conseguiam fazer filmes de faroeste tão bem sucedidos comercialmente como os originais americanos. Sua grande sacada foi apostar em um tipo de filme mais realista. Nos Estados Unidos havia uma tradição de filmes de faroeste onde os cowboys apareciam em roupas coloridas. Muitas vezes esses filmes eram destinados a um público juvenil, para serem exibidos em matinês de fim de semana. Os cineastas e roteiristas italianos olharam para aquilo e viram que não era uma verdade histórica. Os verdadeiros cowboys que viveram no velho Oeste não eram figuras pop. Eram tipos brutos, sujos e mortais. Então eles obviamente apostaram nesse tipo de personagem.

Assim nasceu o western spaghetti. Foi um grande sucesso de bilheteria no mundo inteiro. Muitos fãs de faroeste da época preferiam as produções italianas até mesmo em relação às produções americanas. A violência estilizada, as trilhas sonoras marcantes e os roteiros realistas atraíam muito mais um público de gosto bem popular. E as filmagens eram realizadas geralmente no deserto da Espanha, uma região que parecia muito com os desertos americanos. Nos cinemas os filmes rendiam milhões de dólares ao redor do mundo. E com o sucesso, veio também a fartura das produções, que poderiam até mesmo de se dar ao luxo de contratar atores americanos para estrelar esses filmes. Não eram astros de primeira grandeza do cinema americano, mas atores secundários que tinham o tipo ideal para os filmes que eram feitos agora no velho continente.

Clint Eastwood foi um dos muitos atores americanos que aceitaram trabalhar na Itália. Os cachês eram muito bons e eles tinham a chance de serem os astros principais desses faroestes. A aposta foi certeira porque, curiosamente, Clint iria se tornar um astro de cinema não em Hollywood, mas sim em Roma, em produções feitas e dirigidas por cineastas italianos. Ele havia sido escolhido pessoalmente por Sergio Leone para estrelar o seu próximo filme. "Por um Punhado de Dólares" fez muito sucesso e foi muito debatido em revistas de cinema. O próprio público americano ficou extremamente surpreso com o que assistiu. Era um novo paradigma no gênero faroeste. Clint Eastwood com cara de mau e cigarro no canto da boca, não fazia pose de mocinho. Era simplesmente um sujeito durão vivendo no velho Oeste. E o público da época queria ver justamente isso nas telas de cinema.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

A Lenda do Zorro

Título no Brasil: A Lenda do Zorro
Título Original: The Legend of Zorro
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Martin Campbell
Roteiro: Roberto Orci, Alex Kurtzman
Elenco: Antonio Banderas, Catherine Zeta-Jones, Rufus Sewell

Sinopse:
Seqüência de "A Máscara do Zorro" de 1998. O enredo aqui se passa no ano de 1850. Alejandro (Antonio Banderas) assume definitivamente o personagem Zorro após essa honra ter lhe sido dada no primeiro filme pelo Zorro original, Don Diego de La Vega (Anthony Hopkins). Ao lado de Elena Murrieta (Catherine Zeta-Jones) ele terá que enfrentar um grupo de gananciosos vilões que querem boicotar a ideia da criação do Estado da Califórnia.

Comentários:
Verdade seja dita, nunca consegui gostar plenamente dessa nova franquia do Zorro. Os filmes sempre me soaram muito bobos, exagerados, caindo em todos os clichês possíveis e imagináveis que existem no cinemão mais comercial dos Estados Unidos. Tudo bem que até mesmo no Zorro original havia uma certa dose de humor, mas precisavam mesmo exagerar tanto? Em certos momentos ficamos com a impressão que estamos assistindo aos velhos filmes de "Os Três Patetas". Se o primeiro filme já era meio fora do tom, aqui tudo desanda. Eu pessoalmente acho esse Antonio Banderas um tremendo chato - ele se apoderou dos piores estereótipos que os americanos possuem dos povos latinos e os acentuou ao máximo! Nesse processo ele próprio virou uma piada ambulante. Sua caracterização caricata só nos deixa mesmo com saudades de grandes atores que interpretaram o Zorro no passado como Tyrone Power! Assim no final das contas o espectador terá que se contentar em ver uma infinidade de cenas absurdas, uma atrás da outra, numa tentativa boboca de adequar o clássico personagen às plateias de adolescentes com déficit de atenção dos dias de hoje. Melhor mesmo rever as antigas produções e esquecer completamente essa nova série de filmes.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

A Máscara do Zorro

Título no Brasil: A Máscara do Zorro
Título Original: The Mask of Zorro
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures, Amblin Entertainment
Direção: Martin Campbell
Roteiro: Ted Elliott
Elenco: Antonio Banderas, Anthony Hopkins, Catherine Zeta-Jones
  
Sinopse:
Após passar décadas defendendo os injustiçados e oprimidos da Califórnia sob domínio espanhol no século XIX, o velho veterano Don Diego de la Vega (Anthony Hopkins) decide passar o seu legado de Zorro para um jovem chamado Alejandro Murrieta (Antonio Banderas), uma transição complicada já que embora seja um ótimo espadachim, sua personalidade é muito diferente da do Zorro original. Filme indicado aos Oscars de Melhor Som e Melhores Efeitos Especiais.

Comentários:
Apesar do bom elenco, da produção caprichada e do roteiro que muitas vezes valoriza o aspecto mais fanfarrão do personagem, jamais consegui gostar plenamente dessa nova franquia envolvendo o lendário Zorro. A ideia de revitalizar o espadachim mais famoso do cinema partiu de Steven Spielberg em pessoa. Durante muito tempo ele realmente teve a intenção de dirigir o filme, o que fez com que nomes importantes como Anthony Hopkins assinassem contrato para participar do filme. O projeto porém parecia nunca ir em frente, sendo sucessivamente adiado ao longo de três anos. Na última hora porém Spielberg desistiu da empreitada. Ele alegou que estava com a agenda cheia demais, envolvido com dois outros filmes e que por essa razão seria impossível dirigir um terceiro. Resolveu então escolher o diretor Martin Campbell para dirigir o filme. Depois de assistir o resultado final penso que Spielberg realmente caiu fora por causa do fraco argumento e do tom mais farsesco que esse roteiro abraça. Em poucas palavras ele não quis assinar esse projeto. Realmente há muitos problemas, alguns deles impossíveis de se ignorar. A começar pelo elenco. Definitivamente Antonio Banderas exagerou nas caras e bocas, estragando com isso o próprio personagem Zorro que em sua atuação acabou virando um bufão, um retrato desbotado dos grandes atores que deram vida ao Zorro no passado. Ele parece estar convencido que faz parte de uma comédia pastelão! No meio de tantas escolhas equivocadas apenas a presença de Hopkins, como o Don Diego de la Vega original, já envelhecido e aposentado, e a beleza de Catherine Zeta-Jones salvam o filme do desastre completo.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Os Indomáveis

Os Indomáveis
“Galante e Sanguinário” é uma pequena obra prima do Western americano da década de 50 estrelada por Glenn Ford. Já tivemos inclusive a oportunidade de analisar o filme aqui em nosso blog. Agora vamos falar um pouco sobre seu remake, essa produção intitulada “Os Indomáveis”. A estória é idêntica ao filme original: Um jovem e pacífico fazendeiro chamado Dan Evans (Christian Bale, em um papel que nada lembra seu Batman) acaba sendo eleito como assistente de xerife de uma cidadezinha do velho oeste e como tal ele terá que exercer as funções inerentes ao cargo, entre elas escoltar um pistoleiro famoso, Ben Wade (Russell Crowe), até a estação de trem onde ele pagará a locomotiva das 3:10hs rumo a Yuma, cidade onde está localizado o Tribunal competente para julgá-lo.

O que parece ser uma tarefa até simples se mostrará extremamente perigosa pois Wade é líder de uma quadrilha de facínoras que fará de tudo para libertá-lo. A situação é de extremo perigo mas Evans se mostra decidido a cumprir sua obrigação para mostrar sua firmeza de caráter ao seu filho. Assim ele também provará que é um homem de bravura, muito embora nunca tenha sido um valentão de saloon em sua vida, mas apenas um homem honesto que conseguiu criar sua família com muito suor e trabalho.

Como aconteceu em “Galante e Sanguinário” temos aqui um perfeito exemplo de enredo que ficou conhecido como western psicológico. A denominação cai muito bem pois o que existe realmente entre o rancheiro e o assassino que deve escoltar é uma guerra psicológica de espera e ansiedade. Ben Wade (Crowe) é um assassino de sangue frio, acostumado a viver em situações limites como a mostrada no filme. Já Dan Evans (Christian Bale) é um homem comum, trabalhador do campo, que terá que lidar com tudo da melhor forma possível. Desse duelo de personalidades tão díspares nasce todo o conflito e a base dramática do roteiro, que aliás é extremamente bem escrito.

Também é fácil perceber que estamos na presença de um enredo que exige bastante de seus intérpretes. Nesse aspecto nem Bale e nem Crowe decepcionam. Estão muito bem em seus respectivos personagens. O destaque do elenco porém vai para Ben Foster, perfeito em sua atuação como um dos membros da gangue de Ben. Com os nervos à flor da pele, ele rouba a cena para si. Simplesmente excepcional sua atuação.  Em suma, apesar de definitivamente não gostar de remakes tenho que dar o braço a torcer para esse “Os Indomáveis” que conseguiu resgatar essa estória sem desrespeitar o filme original e nem agredir o fã de westerns clássicos. É uma boa produção, valorizada por um ótimo elenco, que revitaliza o filme de Glenn Ford. Pode assistir sem receios.

Os Indomáveis (3:10 to Yuma, EUA, 2007) Direção: James Mangold / Roteiro: Halsted Welles, Michael Brandt, Derek Haas / Elenco: Russell Crowe, Christian Bale, Chris Browning, Chad Brummett, Kevin Durand, Hugh Elliot, Peter Fonda, Ben Foster, Jason Henning, Henry Herman, Logan Lerman. / Sinopse: Dan Evans (Christian Bale) é um pacato e pacífico rancheiro que terá que escoltar um perigoso assassino e pistoleiro, Ben Wade (Russel Crowe), até uma estação de trem onde será levado até o Tribunal da cidade de Yuma, onde finalmente será julgado e punido por seus inúmeros crimes. Porém antes disso terá que sobreviver ao ataque da gangue de Wade que fará de tudo para libertá-lo antes que embarque na locomotiva. Remake do clássico “Galante e Sanguinário” de 1957 com Glenn Ford.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Jovens Demais Para Morrer

Roteiro e Argumento: O roteiro de Young Guns II mistura fatos reais com ficção. De forma geral é bem mais fantasioso do que o primeiro filme. Existem cenas que jamais aconteceram na história real como o encontro de Billy The Kid com o governador. Outras são totalmente corretas do ponto de vista histórico como a fuga de Billy da delegacia e a morte dos dois homens da lei. De maneira em geral o roteiro adaptou muita coisa para dar mais agilidade ao filme no que fez bem pois o resultado final é bem dinâmico e não há problemas de ritmo na fita.

Produção: Essa franquia Young Guns sempre foi muito bem produzida. Filmada no Arizona o clima da região em que viveu Billy The Kid é muito bem recriada em cena (embora a história real tenha se passado no Novo México, muito mais árido e inóspito). De resto tudo está muito bem fiel, tanto do ponto de vista de figurinos (Billy quase sempre está com roupas modestas) como de costumes (apenas o bordel mostrado do filme é muito mais luxuoso do que realmente era na época).

Direção: Esse é o filme de maior projeção da carreira do diretor Geoff Murphy. Dele só consigo me lembrar do péssimo Freejack, aquele filme B com o Mick Jagger. De qualquer forma temos que reconhecer que seu trabalho aqui está muito bom. Na verdade alguns membros da equipe dizem que o filme foi co-dirigido por Emilio Estevez que apenas não quis se comprometer assinando a direção também.

Elenco: A franquia Young Guns é conhecida por reunir em seu elenco jovens atores que estavam na crista da onda na época. Assim temos além de Emilio Estevez como Kid, os atores Kiefer Sutherland (Garotos Perdidos), Lou Diamond Phillips (La Bamba). Como coadjuvantes algumas boas surpresas como a presença do veterano James Coburn e de Alan Ruck (O amigo de Mathew Broderick em Curtindo A Vida Adoidado).

Jovens Demais Para Morrer (Young Guns II, EUA, 1990) Direção: Geoff Murphy / Roteiro: Geoff Murphy / Elenco: Emilio Estevez, Kiefer Sutherland, Lou Diamond Philiphs, Christian Slater, Alan Ruck, James Coburn e Viggo Mortensen / Sinopse: O filme narra os últimos momentos da vida do famoso pistoleiro Billy The Kid (Emilio Estevez) ao mesmo tempo em que levanta a curiosa hipótese em que Billy não teria sido morto por Pat Garret como diz a história oficial mas sim que teria sobrevivido e chegado à velhice, onde finalmente revela sua verdadeira identidade.

Pablo Aluísio.